Programa pode acabar com assédio moral nos call centers

Trabalho intenso e exaustivo, contato conflituoso com os clientes, sentimento de impotência, cobranças excessivas, desqualificação do trabalho e assédio moral são alguns dos fatores que prejudicam a saúde mental dos profissionais de telecomunicações espalhados por todo o País. No Piauí, seis profissionais da área cometeram suicídio em decorrência desses problemas nos últimos três anos, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (SINTTEL).

 

Com o objetivo de melhorar as condições de trabalho, implicando diretamente na preservação da saúde mental desses trabalhadores, o Ministério Público do Trabalho no Piauí assinou, nesta manhã (12), um convênio com a Universidade Estadual do Piauí e o SINTTEL. Na prática, um programa de extensão universitária, envolvendo alunos a partir do 7º período de Psicologia, irá fazer um diagnóstico organizacional para avaliar os riscos e principais problemas que envolvem o trabalho em call centers.  A ideia é intervir com sugestões de medidas de controle dos riscos psicossociais e, em seguida, implementar as mudanças necessárias, com a consonância das empresas.

As empresas de telemarketing instaladas na capital do Piauí são alvos frequentes de denúncias no MPT do Piauí. “Temos inquéritos civis em andamento, mas ainda não conseguimos efetivamente sanar o problema do assédio moral organizacional nessa atividade”, pontua a procuradora-chefe do MPT no Piauí, Maria Elena Rêgo. A parceria entre MPT, Uespi e sindicato pode ser o caminho para a efetiva solução do problema.

Ela mostrou-se entusiasmada com o programa, que é pioneiro no País. “Nós acreditamos que o MPT pode ajudar a conscientizar as empresas sobre a importância social de mudar a realidade atual dos seus postos de trabalho. Elas serão exemplos de boas práticas entre as empresas de todo o país”, acredita. A procuradora-chefe destacou ainda os benefícios que um trabalhador satisfeito pode trazer, como diminuição da ausência no trabalho, maior produtividade, melhores resultados e valorização das ações e da imagem da empresa.

Segundo o presidente da SINTTEL, João Moura, as empresas de telecomunicações são importantes na geração de emprego e não são excludentes, visto que orientação sexual, gênero e cor não são avaliados para a contratação. Por outro lado, o serviço é desgastante, porque exige muito do trabalhador: atingimento de metas, pontualidade e assiduidade, o que acaba exaurindo tanto mental quanto fisicamente”, alertou Moura. “A atividade pressiona de todos os lados: Anatel, Código de Defesa do Consumidor, empregadores, contratantes e clientes. E essa pressão prejudica a saúde e o trabalho, e, em casos mais graves, pode levar ao suicídio”, pontuou o sindicalista.

Após ser iniciado, o programa terá duração de 10 meses em cada fase e contará com a participação dos alunos de Psicologia da UESPI, que deverão avaliar se o que foi proposto foi efetivamente aplicado e quais as mudanças evidenciadas no ambiente de trabalho dos call centers em Teresina.

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