MPT-PI participa de entrega de equipamentos para trabalhadores da carnaúba de Piripiri

Trabalhadores da cadeia produtiva da carnaúba de Piripiri foram contemplados com a entrega de equipamentos para melhorar as condições de trabalho no campo. Máquinas e equipamentos de proteção individual estão entre os itens entregues à Cooperativa Agrofamiliar dos Frutos da Terra (Cooafrut) e que também atenderá grupos de artesãos da região. O Procurador do Trabalho do Ministério Público do Trabalho no Piauí, Edno Moura, participou da entrega dos equipamentos.

Foram entregues uma máquina de cortar palha da carnaúba, um motor, um caminhão F4000, duas máquinas de costura, EPIs (botas, luvas, chapéus), kits de primeiros socorros e barracas. Os equipamentos foram doados através de uma parceria entre a Foncepi Ceras (empresa que trabalha com o beneficiamento da carnaúba), a empresa federal alemã GIZ, a Strahl & Pitsch, através de um trabalho articulado em parceria com o MPT-PI e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) Brasil.

O Procurador Edno Moura destacou que a cadeia produtiva da carnaúba é uma das principais atividades econômicas do Piauí, mas que, infelizmente, vem, ao longo dos anos, sendo manchada com o trabalho escravo. Dos 142 trabalhadores resgatados este ano, mais de 80 foram na palha da carnaúba. “Essa organização através de uma cooperativa, dando as condições para extrair e comercializar diretamente o pó, sem a figura do atravessador, temos mais chances de avançarmos e descontaminarmos essa cadeia. E essa parceria com as empresas e com todos os que fazem a cadeia é importante para reduzirmos esses índices de exploração do trabalhador”, avalia.

Ana Carolina Fontenele, diretora da Foncepi, destacou que a empresa se sente feliz podendo contribuir com a entrega desses equipamentos para a Cooperativa. “É uma iniciativa muito válida porque traz benefícios diretos aos trabalhadores, melhorando a qualidade de vida deles. Com esse apoio e o treinamento que eles irão receber, poderão produzir com mais qualidade e comercializar, inclusive para nós, da Foncepi”, diz.

A Cooafrut tem cerca de 50 cooperados e, segundo a presidente Emanuella Pereira, os equipamentos auxiliarão de forma significativa os trabalhadores, garantindo melhoria nas condições de trabalho e, consequentemente, na renda das famílias. “Hoje temos conhecimento da importância do que produzimos e de onde podemos e queremos chegar”, pontua. O assessor técnico da GIZ, Bruno Finizola, destacou que os avanços que foram acontecendo ao longo dos anos são satisfatórios e indicam que o grupo está no caminho certo. “Os avanços são resultado do trabalho que tem sido feito pelas instituições que têm conseguido avançar e mudar a realidade da cadeia produtiva da carnaúba”, ressalta.

Erick Ferraz, Oficial de Projetos da OIT Brasil, ressaltou que o trabalho das instituições também tem sido no empoderamento das mulheres, para que elas tenham a carnaúba como fonte de renda através do artesanato. “Hoje, temos as mulheres que passaram por capacitações e produzem bolsas e outros acessórios usando a palha da carnaúba, gerando mais empregos e renda para essas famílias”, acrescentou. Dona Maria Aparecida é uma dessas mulheres. Ela fala com orgulho de poder trabalhar na confecção de produtos da carnaúba. “Estamos muito orgulhosas de poder trabalhar com a carnaúba. A gente produz bolsa, objetos de decoração. E a gente vende aqui e para fora”, diz.

A auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Paula Mazullo, destacou que o mundo de hoje não aceita quem pactua com o trabalho escravo. “E animador saber que as empresas vêm mudando seu olhar e que esse olhar se volta agora não apenas ao produto, mas também a quem produz”, salienta.

Participaram ainda do evento representantes de diversas instituições como Secretaria Estadual de Assistência Social, Prefeitura de Piripiri, Sebrae, Banco do Nordeste, Senai e outras. Cada uma delas informaram como poderiam contribuir para auxiliar a cooperativa, seja com linhas de crédito ou com cursos de capacitação.