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Entre Tranças e Tramas: documentário produzido pelo MPT e OIT traz a revolução que o artesanato da carnaúba tem proporcionado ao Piauí

A história de transformação social na vida de dezenas de mulheres carnaubeiras dos municípios de Campo Maior e Piripiri é retratada no documentário “Entre Tranças e Tramas – A revolução artesanal das mulheres da carnaúba”, produzido através de uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho no Piauí e o a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O filme foi lançado nesta sexta-feira, na sede da Brasil Ceras, em Campo Maior, reunindo artesãs e representantes de instituições parceiras do projeto.

 

O curta tem cerca de 15 minutos e traz relatos de mulheres, com idade entre 18 e 70 anos, que têm suas vidas entrelaçadas pela carnaúba, uma palmeira nativa e exclusiva do Nordeste brasileiro, também chamada de árvore da vida. Da carnaúba, tudo é aproveitado, do pó a palha. Um produto que enche os olhos das indústrias alimentícia, automobilística, farmacêutica e também de cosméticos, tanto no Brasil quanto no exterior.

O Procurador do Trabalho Edno Moura, coordenador de Combate ao Trabalho Escravo do MPT-PI, lembra que a cadeia produtiva da carnaúba é uma das principais atividades econômicas do Piauí. “No entanto, é uma atividade que, ao longo dos anos foi sendo manchada com o trabalho escravo. Foram vários os trabalhadores resgatados em situação degradante de trabalho, sendo explorados nessa atividade”, lembrou.

Segundo os dados do MPT no Piauí, em 2023, o Piauí resgatou 86 trabalhadores em situação degradante de trabalho, representando 54% dos 159 resgatados no estado. É por isso que, em parceria com outras instituições, o MPT iniciou um trabalho para promover um resgate da cadeia, dando melhores condições para todos os trabalhadores que têm na atividade a sua principal fonte de renda e que também se viam sem alternativa de renda na entressafra da carnaúba.

Foi nesse sentido que, em 2020, surgiu o “Plano de Promoção do Trabalho Decente na Cadeia Produtiva da Carnaúba”, lançado pela OIT e pelo MPT, para promover melhores condições de trabalho e a justiça social para os agricultores e as agricultoras. “A ideia, com esse plano, é fazer um trabalho de organização dos trabalhadores para eliminarmos a figura dos atravessadores e também que eles pudessem, estruturados em uma cooperativa, vender o pó diretamente aos fabricantes da cera e, por outro lado, ter a palha como uma aliada em uma geração de renda alternativa, com o artesanato que já era feito por muitas mulheres, mas sem pretensões comerciais”, contextualizou o procurador.

Assim, nasceu as Curicacas e Natupalha, grupos de artesãs de Campo Maior e Piripiri, respectivamente. O documentário mostra a história dos treinamentos e capacitações que foram feitos com essas mulheres para que elas pudessem agregar valor aos produtos e se tornarem economicamente viáveis. Um trabalho feito em conjunto também com o Sebrae-PI e a agência de fomento alemã GIZ e a consultoria da Nordestesse.

Erick Ferraz, oficial de Projetos da OIT, explicou que os resultados obtidos com o projeto ao longo desses anos têm sido significativos. “Mais do que uma alternativa de renda para essas mulheres, resgatamos a dignidade, a autoestima e a história dessas mulheres com o artesanato, que era feito por elas já há muito tempo, mas sem desenvolver uma linha de produtos que fosse atrativa ao mercado, já que elas não tinham essa pretensão de comercializar essa produção. Agora, depois desse trabalho, fizemos o lançamento do documentário em São Paulo, onde estão as grandes marcas consumidoras e o interesse tem sido crescente. Uma loja em um hotel, inclusive, já manifestou o interesse de ter os produtos do artesanato das carnaubeiras no portifólio de produtos comercializados”, pontuou.

Ana Karinna Andrade, presidente do Instituto de Sustentabilidade da Carnaúba da Brasil Ceras, destacou a importância da parceria entre as empresas que comercializam os produtos oriundos da carnaúba e as cooperativas de mulheres. “Acredito que estamos escrevendo um novo capítulo na história do artesanato piauiense. Esse é um projeto transformador e que ressalta o potencial da carnaúba para além da cera e do pó, mas usando o artesanato para emponderar mulheres. Nós, da Brasil Ceras, acreditamos em uma cadeia produtiva em que todos possam ser beneficiados”, salienta.

Dona Maria, artesã das Curicacas, não esconde a satisfação com o projeto. Ela, que tem 69 anos, lembra que, desde os 12 anos de idade, tem contato com a produção de materiais usando a palha da carnaúba. “Eu fazia as vassouras e hoje a gente já faz outros produtos e isso está sendo vendido para fora. Tenho muita fé que nossa vida vai só melhorar através do nosso artesanato”, comemora.

Alegria compartilhada também pela dona Remédios, artesã da Natupalha. Realizada, ela contabiliza que, nos pouco menos de 2 anos que integra o projeto, mais de 100 bolsas produzidas por ela já foram vendidas. “Eu nunca imaginei que o que a gente fazia fosse artesanato e que pudéssemos ganhar uma renda com isso. Depois dessas capacitações, estamos fazendo mais produtos, não apenas as bolsas, mas os cestos, sousplat e cada um mais bonito que o outro. Quero continuar com o projeto para aprender novas técnicas e fazer coisas cada vez mais bonitas”, frisa.

Para que o projeto seja continuado, a parceria com as demais instituições, governamentais e não governamentais, é fundamental. Presentes no lançamento do documentário, representantes de instituições como Sebrae, Fetag, Senar, Sasc e a Prefeitura de Campo Maior, se comprometeram em apoiar as cooperativas, seja através de incentivos como estradas, capacitações ou viabilizar a participação dos grupos em feiras e eventos nacionais de artesanato. “Ganhamos algumas máquinas para nos auxiliar, mas não temos sede adequada para colocar instalar esses equipamentos, por exemplo. Por isso, a gente conclama para que todos possam continuar nos ajudando para que esse projeto inclua mais mulheres e a gente tenha uma mudança de vida nas nossas comunidades”, sugere a artesã Lourdes Carvalho, do grupo Curicacas.

O procurador Edno Moura destacou que o objetivo das instituições é mudar a imagem da cadeia produtiva da carnaúba. “Queremos que o projeto continue e esse apoio das instituições é fundamental para que tenhamos a cadeia produtiva da carnaúba um motivo de orgulho para o Piauí, não apenas em termos de exportação e economia, mas também em termos sociais”, finalizou.

 

Tags: MPT, Carnaúba, Ministério Público do Trabalho, Piripiri, Campo Maior, documentário, OIT

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